Reverbs da Alma

6 de julho de 2010


Passei o ultimo fim de semana em São Paulo conferindo o Festivalma 2010, que movimentou a Bienal do Ibirapuera.

Quem teve a oportunidade de ler a matéria que produzi para divulgar o evento sabe que minha maior empolgação era com a excelente programação de filmes do Festival Osklen de Cinema que integrava o evento. Assim, cheguei ao primeiro dia do Festivalma alguns minutos antes do horário programado para a exibição do filme 180º South e procurei uma das assessoras de imprensa para saber onde ficava a sala de exibição dos filmes.



Fui informado que as atrações do evento eram “todas juntas mesmo” e que a exibição dos filmes aconteceria no grande telão de LED localizado atrás do palco dos shows de música – com direito a pedestais e pedaços da bateria invadindo a área da tela - em um espaço amplo com grande reverberação de som. Por conta disso, me vejo impossibilitado de fazer a análise crítica que pretendia sobre os filmes.



Na minha concepção, um festival de cinema de surf se justifica justamente pelo fato de proporcionar às pessoas a experiência singular de assistir a um filme do gênero em um auditório com tela grande e som de boa qualidade, algo muito diferente do que simplesmente assistir ao DVD do mesmo filme em casa. Do jeito que foi realizado, o apelo dos filmes exibidos se perdeu em meio aos múltiplos estimulos visuais e auditivos das fotografias, shows, pinturas, pranchas, pista de skate, estandes de marcas de surfwear e demais patrocinadores reunidos em um mesmo ambiente.


Rob Machado em ação

A presença do telão atrás do palco só se justificou em alguns momentos da apresentação de Rob Machado e a Melali Band, onde o surfista musicou ao vivo alguns trechos inéditos das filmagens do filme The Drifter - uma proposta que conseguiu imprimir um “feeling surf” genuíno ao festival.

As apresentações noturnas, que no fim das contas, atraíram o maior público do evento, também se ressentiram de uma melhor acústica, principalmente o som instrumental e experimental do Hurtmold. Destaque para o bom show dos australianos do John Butler Trio, que lotou o espaço na noite de sexta-feira e animou bastante o público presente. (veja aqui)


John Butler Trio ao vivo

Além de Machado, o lendário Greg Noll foi outra presença capaz de conferir um “diferecial” ao evento. Aos 73 anos, o pioneiro Da Bull, como ficou conhecido, foi muito solícito no atendimento à imprensa e ao público em geral, autografando posters, livros, camisetas e divulgando uma linha de skates com sua assinatura para a marca Element.


O grande Greg Noll

Em linhas gerais, as outras marcas também poderiam ter se esforçado mais para promover alguma integração com os visitantes. Salvo algumas iniciativas, como a customização de camisetas com desenhos em spray promovida pela Billabong ou a pintura de telas ao vivo da Bintang, cada expositor se limitou a exibir os seus produtos em uma ambientação “praiana”, sem maiores atrativos.


"Menina" de Sylvain Cazenave integrou a mostra fotográfica

Na parte de surf art, o interessante acervo fotográfico também estava muito espalhado, merecendo uma área própria que lhe desse maior destaque. Já na seção das pranchas, a que mais me chamou atenção foi a reprodução do modelo do mestre Tom Blake, remetendo às primeiras pranchas fabricadas no Brasil no final da década de 1930. Também curti bastante a parte da biblioteca, que reunia um valioso acervo de livros de surf nacionais e estrangeiros.


Mostra de pranchas com o modelo de Tom Blake em destaque

Nos estandes, foi muito legal conferir de perto as pinturas de Jay Alders, um dos poucos artistas presentes ao evento. Conversei com ele e outros personagens interessantes, como Tito Bertolucci, idealizador da galeria Alma do Mar, Daniel Aranha da E-Boards e Bruno Araújo da Pyuá, os quais pretendo dar destaque em futuros posts neste blog.

No fim das contas, acredito que a proposta integradora do festival deva ser repensada para as futuras edições, no objetivo de promover uma maior valorização de cada evento específico, já que as atrações estiveram muito diluídas em meio ao excesso de informação reunidas em um mesmo espaço.

5 comentários:

Anônimo disse...

participei do segundo do festival e gostaria de compartilhar algumas impressoes.

quem esperava um festival de filme, se desanimou. cadeiras espalhadas na frente do palco pareciam mal preparados para uma coletiva de imprensa. no fundo do palco um painel de LED de baixa resolucao exibia os filmes achatados, com um som sofrivel, misturado aos inumeros ruidos da feira/festival.

quem esperava uma feira encontrou stands pobres e mal iluminados. com quase nada de interessante para se ver ou se mostrar.

quem queria ver shows ate gostou, de um ou outro, mas essa onda de festival BILLABONG de surf music nao colou, soh os principais shows tiveram o destaque merecido.

nao fosse o imenso pe direito da Bienal, o show principal do festival teria sufacado os milhares de espectadores ansiosos...

imprensa, fumantes e segurancas se esbarravam em duas entradas/saidas minusculas nas horas de mais movimento, distantes quase 1km uma da outra.

fora isso a organizacao ainda obrigou os convivados, expositores e promotores a apenas uma opcao de refeicao durante os 3 dias de evento. e da-lhe PIOLA!!!

fora isso, tava muito bom...

parabens ao blog pela imparcialidade.

Abraço!
Pastrami

Felipe Siebert disse...

a minha versão, que não inclui comentários sobre a mostra de vídeos (que na verdade nem parei para ver), hehe: http://siebertsurfboards.blogspot.com/2010/07/festivalma-2010-como-foi.html

Cau Cabral disse...

Salve... concordo com a sua opinião acerca da mostra de videos e do festival em geral, poderia ser melhor...
Mas já valeu pelo contato com as lendas Greg e Rob, assim como os Siebert, Ciro e vc do Surf e Cult... Obrigado pela vibe...

Maurio Borges disse...

Impressionante. Como é bom ler textos isentos. Continue sempre assim.
São poucos hoje em dia...

Não pude ir ao Festivalma em função de compromissos por aqui.

Abração.
MB

Julio Adler disse...

Que tal voce aparecer na pagina dos caras como jurado do festival e sequer ser comunicado disto ?
Nem comunicado, nem convidado, naturalmente.
Aqui em Biarritz pro setimo festival internacional de filmes de surfe a coisa anda no sentido oposto.
Grande preocupação com projeção e som, mesas com frios e frutas variadas, vinho (branco, rose e tinto) a vontade e surfe todos dias.
Tudo gratuito pro grande publico e com um telão na praça em frente a praia - fora o cinema.
Falei ?

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