16 de julho de 2009
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Mais do que pensar em surfar, um inverno na Irlanda me remete logo a longas estadas em algum pub, tomando uma Guinness junto ao simpático povo local para espantar o frio. Mas não é este o pensamento dos personagens do filme Powers of Three, que literalmente quebra o gelo com imagens incríveis de big surf nas altas latitudes, revelando o potencial surfístico escondido no ainda pouco explorado litoral irlandês.
Lançado junto com a edição de maio da revista Carve e disponibilizado para assistir de graça no site da bebida energética Relentless, o filme se revela uma inteligente e eficiente iniciativa de marketing da empresa patrocinadora. Principalmente se levarmos em conta o excelente retorno de imagem gerado por uma produção muito bem executada, que celebra as belezas geográficas de seu país de origem em uma proposta narrativa e estética que em momento algum apela para a propaganda explícita da marca patrocinadora.
As fronteiras do surf se expandem com a tecnologia que permite rebocar o surfista em ondas gigantes em alto mar e as modernas roupas de borracha que possibilitam o ser humano suportar temperaturas congelantes da água e do ar. Estes dois elementos se unem à proposta de documentar as belíssimas paisagens desoladas de um inverno na costa oeste da Irlanda, numa exploração de ondas remotas, cercadas por imensos penhascos de rocha e construções medievais.
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Pessoalmente, confesso que fiquei com um pé atrás quando o tow-in começou a surgir com força há cerca de uma década. A questão da remada como elemento essencial no ato de surfar sempre fez do surf de reboque parecer algo como uma trapaça. Contudo, hoje é inegável o valor do tow-in como uma ferramenta valiosa para a descoberta de novas ondas e cenários para o surf - e, portanto, a prática de pegar onda rebocado por um jet ski em condições extremas se insere no contexto do surf como uma eterna busca por novas aventuras.
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E é justamente isso que os destemidos surfistas Tom Lowe, Fergal Smith e Mickey Smith transmitem ao desafiar os limites da integração do ser humano com a natureza selvagem em instigantes sessões de surf, entrecortadas com depoimentos e imagens que documentam o cenário sombrio e desolado da região.
A camaradagem alcançada pela equipe, após semanas enfrentando o frio, a escuridão e a dificil logística de locomoção e previsão das ondas, é a recompensa encontrada ao final de uma longa e intensa temporada de inverno. Para os espectadores brasileiros, vale o registro de cenários singulares, bem distantes do clima e das paisagens que vemos por aqui.
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