Viagens Analógicas

12 de julho de 2011



Lá pelo final dos anos 90, a fotografia analógica ainda era a principal fonte de registros de viagem do cidadão comum. Cada rolinho de no máximo 36 poses tinha que ser bem aproveitado e nunca sabiamos o que estavamos registrando, sendo que muitas vezes jogavamos dinheiro fora revelando fotos borradas, escuras ou fora de enquadramento.

Na faxina inevitável para organizar a casa de tempos em tempos, resolvi fazer uma limpa no meu acervo de fotos, que começam a se deteriorar, mesmo guardadas naqueles pequenos albuns com folhas plásticas que as lojas de revelação costumavam oferecer quando colocavamos um filme para revelar.

Os recursos digitais me permitiram digitalizar um pouco deste material, trazendo a tona um arsenal de lembranças das viagens que fiz entre 98 e 99. Reviver algumas histórias através de fotos certamente desperta o desejo de colocar o pé na estrada novamente. Coisa que há muito tempo não tenho a oportunidade de fazer.




Noosa Heads e Townsville - Austrália

Na Austrália, os dias de tédio na cidade de Townsville perto da Grande Barreira de Corais, que bloqueia as ondulações, a busca por emoção levou a arriscar a pele em circuitos nada recomendáveis de skate. Por fim, no longo caminho ao sul até Sydney, consegui chegar aos lendários paraísos de direitas como Noosa Heads, onde o crowd implacável de logboards torna o surf de pranchinha uma batalha inglória contra os grommets nas ondas que sobram. Assim, em termos de surf, os melhores momentos que guardo são de uma sessão de altas ondas em Broken Head, próxima à divertida cidade de Byron Bay.




Messanges - França

As praias do sudoeste da França, ao norte de Hossegor, lembram bastante os beachbreaks de mar aberto do sul do Brasil e permitem fugir do crowd dos picos mais badalados de Anglet e Biarritz. Saindo de bicleta ou em um pitoresco Mini Cooper no camping onde fiquei hospedado, passei vários dias percorrendo estradas e trilhas que passavam por entre campos de trigo e milho para chegar até as ondas - as melhores do tempo que passei na Europa.




Mundaka e Zarautz

No País Basco ao noroeste da Espanha, não tive muita sorte com as ondas, mas curti muito o estilo de vida do povo local. A cidade de Zarautz, que já sediou grandes campeonatos de surf é sem dúvidas um lugar muito agradável para passar uns dias e serve de base para visitar a lendária esquerda de Mundaka, que infelizmente ficou praticamente adormecida durante toda a semana que passei por lá. A solução foi tomar muito vinho e passear pelas vielas ancestrais das vilas que parecem paradas no tempo.




Canárias

Cinco ilhas em oito dias! A viagem pelas ilhas Canárias foi intensa percorrendo de carro e ferry boats paisagens incríveis. Em Tenerife, aconteceu de pegar umas ondas e curtir a neve do vulcão El Teide em um mesmo dia. Munido apenas de um fax com tinta borrada com a cópia dos dados de um antigo surf guia da Surfer, cada quilômetro percorrido era uma descoberta e em meio a muitas roubadas, encontrei boas ondas, principalemente nos pointbreaks de Fuerteventura e Lanzarote.


Sagres - Portugal

A região de Sagres no extremo sul de Portugal guarda boas ondas e as praias oferecem um visual epecial com suas falésias que dificultam o acesso a alguns picos, que certamente valem a pena ser desbravados.

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito boas as fotos e o texto.
PS: mas vc disse "...fotos, que começam a se deteriorar, mesmo guardadas naqueles pequenos albuns com folhas plásticas que as lojas de revelação costumavam oferecer quando colocavamos um filme para revelar." Cara, plástico é a pior coisa que pode existir p guardar fotografias, o negativo então, que é mais importante do que a cópia analógica, é a morte p o seu acervo. Então, se puder olhe esse site http://www.arqsp.org.br/cpba/ lá tem textos que tratam de preservação de acervos, é técnico, meio chato, mas vai te ajudar.
Parabéns pelo site.

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