Nos - 70 e Tal - gia

9 de outubro de 2013



























Na semana passada participei do lançamento do filme/série "70 e Tal", uma produção do Grupo Sal para o Canal OFF que foi recebida com excelente repercussão pelo público.

A nobre ideia do canal em resgatar a história do surf nacional em uma série de episódios documentais proporcionou ao diretor Rafael Mellin e toda a equipe da produtora carioca a oportunidade de reunir em um mesmo projeto, muitas figuras fundamentais que disseminaram a cultura das ondas no Brasil, com ênfase nos "dourados" anos 70.



















E assim, a escolha de lançar "70 e Tal" em grande estilo, com a edição de um filme longa-metragem inaugural para a série, uma edição especial da revista Saladah - comandada por Marcelus Viana - e uma festa para que os personagens pudessem confraternizar e juntos assistirem ao filme no telão com uma projeção em alta qualidade, tornou o evento um acontecimento marcante.

Se tinha alguém que podia ser chamado de legend no evento, este alguém é Arduino Colassanti
 


















No atual mundo digital, onde as facilidades de comunicação nos levam a ter centenas de amigos virtuais que quase nunca encontramos pessoalmente, o evento foi uma oportunidade valiosa de encontrar num mesmo ambiente um verdadeiro legend como Arduíno Colassanti, trocar ideias com o divertidíssimo Wady Mansur, conhecer o fotógrafo Fernando "Fedoca" Lima , responsável por um acervo de imagens históricas do Pier de Ipanema, o shaper Victor Vasconcellos - que fez a prancha mais marcante da minha vida - e conferir de perto às reações de figuras como Ricardo Bocão, Rico de Souza, Otávio Pacheco e Tico Cavalcanti durante a exibição.

Ricardo Bocão e Otávio Pacheco





















É claro que o evento foi carregado de nostalgia e isso é bom. Sou daqueles que acreditam que algumas doses de nostalgia alimentam nossa alma para vivermos melhor o presente e colocarmos melhor nossas vidas em perspectiva. E e não é a toa que a inspiração "retrô" está por todo parte e, como foi evidenciado no próprio filme, muita gente sente saudades dos anos 70 por aquilo que eles representam, mesmo que sequer fossem nascidos nesta época. Este sentimento perpassa todo o conteúdo do filme, como nas tomadas de surfe atuais que identificam a idade dos surfistas pegando onda com pranchas mais velhas do que eles próprios.

Revistas Saladah



















Ao final do evento, observando a empolgação destes indivíduos com o conteúdo assistido e os aplausos recebidos, confirmei algumas das sensações que tive ano passado quando pude apresentar o meu documentário "Pegadas Salgadas" para os personagens que construiram a história do surf em Floripa: As pessoas gostam de ver o seu passado contado na tela de forma positiva e experimentam um sentimento prazeroso de sentirem que participaram de um movimento coletivo significativo - em última instância, de sentirem que as suas vidas fazem sentido.

Esta é, na minha opinião, a grande magia do bom documentário histórico. Melhor ainda é quando estas pessoas estão reunidas para viverem juntas as emoções que um resgate audiovisual como este proprciona. Assim, a festa de lançamento do filme "70 e Tal" valorizou os personagens dos anos 70 - e o próprio conteúdo produzido - de uma forma que não poderia ser alcançada se fosse deixado apenas para estrear na TV com os protagonistas assistindo ao conteúdo em suas casas.



Algumas impressões sobre o filme:

Repleto de sequencias musicais de surf, a composição de imagens de arquivo da época com encenações atuais de surfistas experimentando os equipamentos dos anos 70 é uma solução estética e narrativa que funciona muito bem no filme "70 e Tal", bem como a opção de priorizar uma abordagem mais livre dos acontecimentos, em detrimento das histórias pessoais dos entrevistados.
 
Como em produções anteriores do Grupo Sal, a qualidade no tratamento de imagens mais uma vez se sobressai, realçando a beleza das tomadas externas, com registros de boas ondas nos litorais sudeste e sul (a lamentar a falta de registros do surfe no nordeste). Por fim, uma trilha sonora que começa com Bob Dylan e Jimi Hendrix, passando por Led Zeppelin, Rolling Stones, Mutantes, Raul Seixas e fecha com "Time" do Pink Floyd, dispensa maiores análises. Que venham agora os episódios da série.



Saiba mais sobre a série"70 e Tal" aqui
Créditos fotos: Juliana Coutinho/ Minduim - divulgação Grupo Sal
Confira mais fotos do surf brasileiro nos anos 70, nos baús dos Klaus Mitteldorf, Bruno Alves e Fedoca

2 comentários:

Rafael Mellin disse...

que bacana, Luciano!
muito obrigado.
abs!!

Roger Barbosa disse...

felicitaciones

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