Os Desafios da Laje

15 de maio de 2014
















Mostrar como uma montanha submersa em alto mar tornou-se um ponto turístico e divulgou uma determinada região litorânea é um dos elementos mais desafiadores no que se refere à captação de imagens para o documentário A Pedra e o Farol.

Localizada à 5 kms da costa da Praia do Arroio Corrente em Jaguaruna, a Pedra do Campo Bom - hoje mais conhecida como Laje da Jagua - representou durante séculos um grande desafio para os navegadores que se aventuravam pelos perigosos mares do sul, o que rendeu à região a alcunha de ser um "cemitério de navios". Foi por conta desta rasa e perigosa montanha submersa que foi construído o Farol de Santa Marta localizado à cerca de 18 kms ao norte, orientando as embarcações que por ali navegam e é a partir do resgate destas histórias que se fundamenta a narrativa do documentário.

Espuma da onda da Laje da Jagua vista das dunas da praia do Arroio Corrente
















Já há algumas décadas que a laje - também chamada de parcel -, é procurada por pescadores e mergulhadores que vão até lá em busca de sua rica fauna de peixes e crustáceos. Mas foi a partir de 2003 que o local passou a ser mais conhecido do público em geral, quando, graças ao advento do surf de tow-in, a laje foi desbravada pelos surfistas de ondas grandes, que nos dias de mar agitado, descobriram ali uma das mais potentes ondas do Brasil.

Na última década, Thiago Jacaré tem se dedicado a surfar na laje sempre que possível


Com a chegada de grandes ondulações no mês de abril, nossa equipe de filmagem acompanhou uma destas investidas ao local, onde aproveitamos para entrevistar a "Tropa da Laje", um unido grupo de surfistas que se dedicam a surfar esta onda - liderados pelo local Thiago Jacaré que já visitou a onda uma centena de vezes e presenciou toda a evolução do surf na laje. 



















Na narrativa do filme, a evolução e a visibilidade alcançada pelo surf na Laje da Jagua será contada desde que os pioneiros Zeca Sheffer e Rodrigo Resende surfaram pela primeira vez esta onda em 2003, numa história de desafio e conquista resgatada a partir do extenso arquivo guardado por Jacaré - com destaque para os dois campeonatos de ondas grandes realizados em 2006 e 2011, que reuniram os melhores big riders do Brasil e colocaram Jaguaruna no mapa do big surf mundial.

Partindo do legado deixado por Zeca Sheffer, que faleceu em um acidente automobilístico em 2006, Jacaré assumiu o comando da Associação de Tow-in de Jaguaruna (Atow-inj), transformando a sua casa numa verdadeira base para receber os surfistas de ondas grandes que chegam para conhecer a hoje famosa onda oceânica.

André Paulista preparando o equipamento


Conciliando o trabalho noturno que lhe possibilita uma dedicação total ao surf durante o dia, Jacaré está sempre pronto para encarar a laje quando entra uma ondulação grande e é o principal divulgador da Laje da Jagua, publicando quase que diariamente material relacionado ao pico em sites, redes sociais e revistas especializadas.

Mas o surf de ondas grandes é essencialmente um trabalho de equipe, como ficou claro nas conversas com os big riders da laje. Assim, foi a união com os demais surfistas fissurados em surfar esta onda - que só quebra em dias com condições especiais de ondulação e vento - que a equipe da laje se estruturou ao longo do tempo, investindo em segurança e treinamento, com o alto custo envolvido nos equipamentos necessários para surfar a Laje - na aquisição de jet skis, pranchas de tow-in, coletes, sled, pranchas de remada e muitos outros acessórios.

Fabiano Tissot com sua gunzeira

















A partir de entrevistas com os big riders mais assíduos da laje, como os gaúchos Fabiano Tissot e Marquito Moraes, o carioca João Capilé e o local André Paulista - faltando ainda gravar a entrevista com Resende, que não pode estar presente - foi possível conhecer mais a fundo sobre os desafios de surfar esta onda oceânica e entender as motivações que impulsionam estes surfistas a se arriscar num local tão inóspito.

João Capilé tem muita história pra contar
Uma história de evolução e dedicação que parte das primeiras saídas em jet skis precários que pifavam a todo momento, passando pela evolução do surf de tow-in (rebocado) até os últimos anos quando os surfistas passaram a surfar a laje na remada com pranchas "gunzeiras" de mais de 10 pés.

Lucas Barnis é o fotógrafo que mais registrou a laje nos últimos anos
Com anos de experiência registrando imagens na Laje, o fotografo e surfista local Lucas Barnis - que fez a foto que abre esta matéria - é outro personagem chave no filme, explicando os desafios de gravar imagens desta onda em alto mar - como as dificuldades de conseguir estabilidade nos jets-skis, o embaçamento das caixas estanques, que obrigam a retirada das mesmas para conseguir gravar e que já lhe renderam inclusive a perda de equipamentos.

Tissot dropando na remada
















Na primeira tentativa de registro de imagens inéditas para o filme no final de abril, presenciei os humores da onda, que não quebrou como o esperado e tive que lidar com problemas técnicos com a caixa estanque e verificar a importância da pilotagem e posicionamento do jet-ski, que confirmam o tamanho do desafio envolvido em filmar uma das maiores ondas do Brasil.

No final, pouca coisa se salvou em termos de imagem de ação - como este drop acima de Fabiano Tissot -, pois como diz o próprio Jacaré: "apesar de tantas tentativas ao longo dos anos, o verdadeiro potencial da onda da laje ainda não foi registrado em imagens".

Confira abaixo o vídeo mais recente de uma sessão de surf na Laje da Jagua em abril de 2014 produzido por Thiago Jacaré e Lucas Barnis:



2 comentários:

Thiago Jacaré disse...

boa lu!!!

BODYBOARDZ disse...

A direita dessa onda é sinistra..Buraco,caverna,triangulo em cima da pedra!

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