Rabiscando o Grande Azul

31 de março de 2015



Registrar imagens na praia da Galheta tornou-se um dos programas favoritos na produção de conteúdo para o documentário A Pedra e o Farol.

Na chegada, o surfista logo é cativado pelo lineup clássico: o horizonte aberto da longa baía de dunas que se estende até a ilhota na praia do Ipuã, combinado à beleza dos tons azuis que caracterizam a água nos dias claros de vento sul, que entra de terral no costão esquerdo, emoldurada por extensas dunas de areia em movimento.



Pessoalmente, o pico me transporta a um universo de lembranças que traduzem para mim a aventura de se buscar uma interação solitária com a natureza através das ondas. A descoberta mágica da essência do surf, ou coisa que o valha! Capturar este sentimento em imagens é um desafio que talvez não seja possível alcançar plenamente, mas isso não me inibe de retornar à Galheta sempre que possível para tentar registrar esta essência escondida.



E foi assim que na primeira semana de outono, embora o desejado vento sul não estivesse soprando que encontrei a famosa onda do Balcão da Galheta funcionando com alguma condição de surf, especialmente para os longboarders, como os locais Lucas Búrigo e Alex José, que dividiam o pico naquela manhã, enquanto uma turma de pranchinha buscava ondas mais cavadas no quebra-coco no meio da praia.




O Balcão é uma espécie de plataforma natural de pesca, uma planice de pedra que se revela ao longo da trilha pelo costão rochoso, de onde pode-se ter uma visão privilegiada do pico. Nos dias grandes, uma poderosa onda se forma neste ponto e as espumas castigam as pedras gerando um forte estrondo.


Por estar bem afastada da costa, nos dias realmente bons a direita do Balcão oferece ao surfista um longo e suave passeio até a praia, com a prancha rabiscando o grande mar azul em desenhos sobre a a água salgada.

 

Uma perspectiva de integração e contemplação, que vista a partir do costão, se estende ao longe até as montanhas, mostrando em cores vivas a dimensão diminuta do homem/surfista em relação à natureza que o cerca. E nestas constantes lições sobre a nossa insignificância perante as forças da natureza é que talvez resida a cativante magia do surf, aquela urgência que nos faz querer voltar sempre para o mar e nele se fundir.


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