Novas Relíquias

4 de agosto de 2015


Ao descobrir que sua atração pelo surf se resumia na essência de deslizar nas ondas sem grandes pretensões, o shaper Alex José se apaixonou pelo longboard clássico e decidiu fazer as suas próprias pranchas de madeira. Buscando uma vida simples nas cercanias do Farol de Santa Marta (SC), ele criou a marca Noserider, que resume a sua paixão pelo surf clássico dos anos 50, antes do advento das pranchas de poliuretano e minimodels.



A primeira experiência com madeira foi uma 11`8’’ maciça, modelo malibu sem rocker, feita com tábuas de pendão de agave em parceria com o shaper Tiago Tenfen. Tempos depois, quando soube de uma árvore de garapuvu tombada pela erosão do solo, ele foi atrás desta nobre madeira nativa – utilizada nas antigas canoas açorianas de um pau só - para fazer uma nova prancha. Da colagem das tábuas surgiu uma nova monoquilha malibu 10 pés com uma grande quilha em D e rabetas quadradas, como manda a tradição. “As pranchas de madeira maciça te dão uma leitura de onda bem diferente. É como aprender a surfar de novo”, resume Alex.


Outra criação inusitada é uma gunzeira de madeira maciça feita sob encomenda para o amigo Lucas Búrigo, outro surfista entusiasta das pranchas clássicas: “Reproduzimos um modelo do Pat Curren de 12 pés para surfar Waimea, feita com tábuas de agave”, explica ele, mostrando o modelo monoquilha com rabeta estreita, que tem sido usado nos dias grandes na onda do Balcão na praia da Galheta, seu pico local.

Alex e Lucas Búrigo no Balcão

Recentemente ele decidiu cortar o long de garapuvu para desbastar a madeira interna e deixá-lo com fundo oco, reduzindo o seu peso de 22 kgs para 13 kgs. “Resolvi fazer isso pois percebi que poderia matar alguém com essa prancha, caso ela acerte alguém”, explica, ressaltando que, não fosse isso, gostaria de manter a prancha com o seu peso original.


Muito procurado para fazer restauros e consertos em todo tipo de prancha, Alex procura divulgar as qualidades da madeira, inserindo recortes de marupá e outras variedades em bicos, rabetas, quilhas e longarinas,  conferindo mais beleza e resistência às pranchas que restaura.



Mas ele sabe que são poucos os surfistas dispostos a encomendar pranchas clássicas de madeira, que são bem pesadas, custam mais caro e levam muito mais tempo para ficarem prontas do que as convencionais. “Faço pranchas de colecionador, que vão durar a vida inteira”, resume.


Matéria publicada originalmente na edição 03.05 da revista The Surfer's Journal Brasil.
Crédito de imagens: Luciano Burin/ A Pedra e o Farol
Para falar com Alex clique aqui 



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