16 de abril de 2013
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O primeiro domingo de outono com ares de inverno, onde o vento sul rasgante trouxe consigo uma potente e azulada ondulação de sul e dissipou todo e qualquer sinal de nuvem do céu, lá no horizonte aberto do litoral de Jaguaruna, onde a grande maioria das casas de veraneio silenciam e a natureza grita por sobre a nossa desolada insignificância...
Um cenário que abrigou o "marco zero" na produção de uma nova aventura audiovisual que se desenha no documentário A Pedra e o Farol, projeto de minha autoria pela Scult Filmes, que procura resgatar a importância do Farol de Santa Marta e da Pedra do Campo Bom - a hoje famosa Laje da Jagua - na história da região litorânea dos municípios de Laguna e Jaguaruna.
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Aprovado para a captação de recursos via Lei Rouanet, o roteiro de A Pedra e o Farol percorre um caminho que passa pelo resgate dos mais de 20 naufrágios ocorridos na região, que ficou conhecida como "um cemitério de navios" e sobre o qual procuramos saber mais detalhes com o simpático sr. Egídio Farias, curador do Museu de Jaguaruna, onde ele nos recebeu para a gravação da primeira entrevista do filme.
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As histórias dos muitos naufrágios catalogados em Jaguaruna ganham grande riqueza visual graças ao valioso acervo de fotos do sr. Gentil Reynaldo - fotógrafo pioneiro e por muito tempo o único na região de Jaguaruna - que documentou estes acontecimentos a partir dos anos 40. Numa época em que a cultura do veraneio ainda engatinhava e as praias eram quase desertas, os naufrágios tornaram-se verdadeiros acontecimentos, atraindo multidões que saiam em trem e carros de boi para conferir a imponência dos navios encalhados perto da costa.
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Infelizmente o sr. Gentil faleceu há poucos meses aos 91 anos, sem que pudessemos entrevistá-lo (o que estava previsto no roteiro original). E se a memória se faz não só de imagens, mas das muitas histórias que elas suscitam, algumas delas talvez tenham se perdido para sempre. Por outro lado, a participação na produção do também fotógrafo Guilherme Reynaldo, neto do sr. Gentil e um dos guardiões do histórico acervo da família, será muito importante para engrandecer visualmente a narrativa do filme.
Infelizmente também, como se percebe nos relatos do sr. Egídio sobre a situação do museu e em tantos outros contextos sociais, o interesse na valorização e na preservação da memória parece não alcançar uma parcela significativa das pessoas, que pouco se preocupam em conhecer mais a fundo a história da região onde vivem e em entender o motivo de um lugar ser como é. Conhecer o passado, para entender o presente e projetar o futuro. Talvez este seja o conceito que melhor resuma a proposta de A Pedra e o Farol.
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De um isolado recanto de pescadores, as praias do Farol de Santa Marta hoje tornaram-se reduto de veranistas das mais variadas procedências e muitos surfistas atrás de suas ondas e paisagens incríveis. Do mesmo modo, a Laje da Jagua, a temida área de navegação que impulsionou a construção do Farol com sua luz protetora no Cabo de Santa Marta, hoje é território de pesca submarina e, sobretudo, reconhecida por abrigar uma das mais poderosas ondas para o big surf no Brasil nas grandes ondulações.
Recontar esta transformação contemplando todo o potencial sensorial das paisagens que compõem a região é o desafio que a proudução tem pela frente nos próximos 12 meses. O universo de depoimentos contempla historiadores, geólogos, oceanógrafos, oficiais da Marinha, pescadores e surfistas, num contexto de documentário artístico com predominância de trilha sonora insrumental e fotografia apurada, valorizando as peculiaridades das paisagens da região.
E se ainda não temos captados os recursos financeiros suficientes para engrenar uma sequencia contínua de gravações nos próximas semans, por outro lado já temos talvez a fonte propulsora principal para esta realização: o entusiasmo de pesssoas que abraçaram a ideia e impulsionaram a realização de uma primeira diária de gravação para o filme, nas figuras de David Mendonça da Mond Filmes de Tubarão, e no parceiro de vários projetos Marcos BG, que também ajudou a construir a identidade visual para este filme.
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No mesmo dia, contemplando o horizonte infinito do alto das dunas, sob o sol que irradiava com intensidade por sobre a solidão de uma paisagem sem nenhuma presença humana no meu extenso raio de visão, fiquei tentando encontrar os enquadramentos que traduzissem os sentimentos que desejo transmitir com este filme. A partir do Farol em direção ao sul, o mar e a faixa de areia parecem não ter fim. E assim ficamos mais expostos aos humores da natureza diante do movimento das dunas, das ondas e do céu, que se abre a ponto de, em certos dias, podermos sentir a curvatura do planeta.
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O medo de não conseguir expressar essas imagens na tela é uma ameaça latente que me impulsiona a buscar ainda mais conhecimento e ferramentas para realizar esta obra. E logo a certeza de tê-las impressas de forma profunda em minha memória sensorial, me enchem de confiança de que conseguirei transmití-las à equipe - que assim poderá contribuir com seu talento técnico e criativo para a criação coletiva inerente a um projeto audiovisual desta envergadura. Pois como se pode enxergar lá do alto da duna, o futuro é aberto.
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Em breve, link para o blog do filme A Pedra e o Farol.
Empresas interessadas em apoiar o documentário A Pedra e o Farol via isenção fiscal (lei Rouanet) favor contactar: lucianoburin@gmail.com
Créditos: Surf na Laje da Jagua: Cris Arlington / Fotos de época: acervo Gentil Reynaldo / Arte de apresentação do projeto A Pedra e o Farol por Marcos BG/ outras fotos: stills e frames A Pedra e o Farol
2 comentários:
Gostei bastante ! Estou no aguardo do blog do documentário.
MUIIITTTTOOOOOOO BBOOOOOOOMMMM. Fico na espera da Rainha.
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