Livre para Rodar

21 de maio de 2010



Encontro Junior Faria na saída de sua bateria no campeonato na Praia Mole. Na areia, ainda ofegante, ele me pergunta se havia passado de fase, pois não conseguia ouvir nada lá do outside por conta do mar de dois metros balançado pela forte correnteza e uma ventania de sudeste.

Dei a boa noticia de que ele havia se classificado em segundo lugar, graças a uma onda rápida e salvadora que pegou há poucos minutos do fim, onde foi esmagado dentro de um tubo improvável. “Nessas condições, era mais fácil termos decidido os vencedores no par ou impar!”, comentou sorrindo.



Liberado da competição pelo resto daquela tarde, ele aceitou o convite meu e do shaper Felipe Siebert para trocar uma idéia e dar uma volta pela região da Lagoa da Conceição - local que representa apenas mais uma parada na longa aventura pelos quatro cantos do mundo de um surfista como Junior, que deseja ingressar na elite do circuito profissional.



Na noite anterior a ilha havia sido atingida por um dos maiores temporais dos últimos tempos e as condições agressivas do mar, somado ao fato de estarmos no início da temporada da pesca da tainha - que por “motivos enigmáticos” proíbe a prática do surf na maioria das praias da região – tornou a idéia de testar um longboard de madeira uma perspectiva inviável.


O mar da Barra da Lagoa liberado somente pros pescadores

Fato este confirmado numa breve e instigante olhada nas paredes lisas e surfáveis da protegida Barra da Lagoa. Com o surf tão perto e ao mesmo tempo inálcançavel, a solução foi partir para uma sessão de skate, munidos dos modelos originais que Siebert começou a produzir em maior escala recentemente.





Após um almoço regado a muita conversa sobre pranchas, surf clássico, filmes, viagens, arte, mercado e tantos outros temas, foi fácil perceber, pela desenvoltura de Junior, que ele é um camarada muito inteligente e inteirado nos mais diversos assuntos.



Assim, sua paixão pela experimentação fez com que se interessasse pelo trabalho de resgate das pranchas clássicas de madeira de Siebert, inclusive encomendado a ele uma fish biquilha (veja aqui) “Nessa correria de viagens só usei ela uma vez no Guarujá”, contou Junior, que revela guardar pranchas assim apenas para sessões especiais em seu quintal de casa.



No asfalto cheio de curvas e relevos suaves de um condomínio em construção, testamos modelos de 03 diferentes tamanhos e especificações, sempre com a beleza e o acabamento primoroso característcos das criações de Siebert - mas cujos detalhes técnicos escapam ao meu parco conhecimento sobre o surf no concreto.




O que posso afirmar com certeza é que, do pequeno e “nervoso” modelo old school , ao longboard clássico que permite andar sobre a prancha e o modelo stinger de tamanho intermediário, foi possível exercitar várias diferentes abordagens de skateboarding, e foi divertido assistir a Siebert e Junior mostrando estilo e habilidade em suas manobras sobre rodas.



O shaper Kong é um personagem a parte

Numa passada rápida pela oficina do shaper e "reparador" de pranchas Kong – uma figuraça! – o assunto girou no fato de Floripa abrigar um número incrível de pessoas das mais diversas procedências ganhando a vida com o surf, seja em grandes fábricas de pranchas ou nas dezenas de oficinas de fundo de quintal. Juntos, eles formam uma comunidade de verdadeiros “operários do surf” que, na maioria das vezes, passam despercebidos pelo público em geral - e que certamente merecem uma reportagem bem mais elaborada.



Nos despedimos de Junior em frente ao local da competição, no hotel onde estava hospedado com outros colegas brasileiros no tour mundial. No dia seguinte, vejo ao vivo pela transmissão na internet ele ser eliminado da competição no último minuto de sua bateria, em condições pouco melhores do que no o dia anterior - encerrando mais um capítulo em uma longa jornada que ainda irá levar Junior a surfar em condições e locais tão diferentes ao longo do ano.




Do calor tropical de Paracuru no Ceará, aos icebergs de Thurso na Escócia, passando pela remota Tasmânia, a “dureza” encontrada nas ondas da Praia Mole e a sessão light de skate em Floripa em breve serão apenas um registro a mais dentro de seu farto arquivo de memórias de viagem. E assim, Junior segue experimentando o sonho de todo surfista com talento suficiente para ter patrocínio para rodar o mundo pegando onda e fazendo amizades. Bon Voyage!



Veja no blog Velvet Glide do Junior o post que ele fez sobre este dia e clique aqui para saber mais sobre os skates de Siebert.

3 comentários:

Marcelo disse...

Gostei dessa! Parabens!

Abraço

Felipe Siebert disse...

que bixo loco andando descalço hehe...

aquela foto que tem eu o jr e o kong parece que o jr ta com aquelas fantasias de carnaval a "la pavão"

Tom Veiga disse...

Matéria animal cara, parabens mais uma vez pelo BLog...

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