Surf & Cult

10 de junho de 2010

Entre os dias 01 e 03 de julho acontece em São Paulo o Festivalma 2010, evento que reúne algumas das mais importantes manifestações artísticas relacionadas ao universo do surf, com a exibição de filmes, fotografias, pinturas, pranchas e a presença dos responsáveis por estas obras.

Tive o prazer de ser convidado a participar da cobertura do evento e conferir de perto este rico panorama, que conta com as produções mais recentes do que se convencionou chamar de "surf art". Organizado pela AlmaSurf, o evento que acontece na Bienal do Ibirapuera é sem dúvidas o maior do gênero no Brasil, reunindo parte significativa da indústria e da produção cultural de surf em uma proposta abrangente que engloba ainda música, moda e design.



E se a própria definição de arte, tantas vezes debatidas aqui neste blog, é controversa, que dirá o significado do termo “surf art”! Em linhas gerais, ele pode designar qualquer obra artística criada por alguém que pega onda, ou qualquer material gráfico ou audiovisual que tenha alguma referência ao ato de deslizar sobre as ondas. Mas como todo rótulo, ele é perigoso pois tenta categorizar impressões subjetivas e intangíveis.

Seja como for, esta discussão é inesgotável então o melhor é curtir cada trabalho pelo que ele é, onde o gosto pessoal de cada um confere um determinado valor artístico ou não de acordo com a sensação que cada obra transmite a quem interage com ela. E para poder emitir uma opinião é preciso conhecer, daí a importância de um evento como este, que reúne um acervo consistente de trabalhos nacionais e internacionais.



Pessoalmente, sou especialmente atraído pela excelente programação de filmes do Festival Osklen de Cinema que inclui a novíssima safra de produções audiovisuais de surf como Castles in the Sky, o mais recente lançamento do mestre Taylor Steele e também o incensado 180º South da Woodshed Films, que refaz a viagem histórica através da América empreendida pelos fundadores da marca Patagônia. Outro filme muito comentado é Dear & Yonder da diretora Tiffany Campbell – esposa do mestre da película Thomas Campbell – que oferece uma visão feminina do surf, ainda pouco explorada.

A Mostra Nixon de Arte e Cultura traz uma exposição de fotografias de alguns dos melhores profissionais que se dedicam ao surf, como os gringos Sean Davey, Art Brewer e Clark Little, junto a telentos brasileiros como Bruno Lemos (foto do por do sol), Márcio David e Beto Paes Leme – todos com passagens pelos posts deste blog.



Da mesma forma, a área dedicada aos shapers reúne estrangeiros como a lenda Gerry Lopez e Al Merrick com grandes profissionais brasileiros como Avelino Bastos, Beto Santos e Joca Secco. Já as artes plásticas são contempladas na produção de muitos artistas nacionais que alcançaram reconhecimento internacional, como Tom Veiga (na imagem de abertura com o quadro Expression Session) e Ciro Bicudo.

A programação inclui ainda o III Salão Internacional do Surf, que agrega a indústria de acessórios e surfwear que movimenta economicamente o surf, além da Casa de Praia, que se propõe a mostrar a influência da cultura de praia associada ao surf no universo da arquitetura, design de mobiliário e paisagismo.

Por fim, temos o Festival Billabong de Música com apresentações de artistas dos mais variados estilos e que mais uma vez nos remetem à discussão sobre o que é surf art. Neste sentido, a programação musical eclética evidencia que a Malali Band - projeto do surfista profissional Rob Machado com John Swift - ou os australianos do The John Butler Trio podem ser considerados tão surf music quanto a pancadaria instrumental do Hurtmold ou o folk da jovem Mallu Magalhães, artistas que possivelmente nunca subiram em uma prancha de surf.



Confira a programação completa aqui e acesse também o twitter do festival.
Este post é um Publieditorial - fotos: divulgação, arquivo Tom Veiga e reprodução do perfil de Bruno Lemos no Surf & Cult.