Cerco de Praia

7 de maio de 2014



















A edição de abril de 2014 da revista Fluir traz uma matéria chamada "Cerco de Praia" que escrevi sobre um tema pra lá de controverso: a proibição do surf em muitas praias de Santa Catarina por conta da temporada da pesca artesanal da tainha que começa oficalmente no dia 15 de maio e vai até o início de julho.
 


No desafio de condensar em oito páginas as muitas variáveis e pontos de vista envolvidas em uma questão que se arrasta à décadas, utilizei como base os depoimentos ouvidos na audiência pública realizada em agosto de 2013 na Camâra Municipal de Florianópolis, onde se discutiu a proposta de lei capitaneada por surfistas da ilha que haviam conseguido um pré-acordo com representantes dos pescadores para liberar áreas nos costões norte de diversas praias de Floripa.

A medida, somada às já liberadas Praia Mole e Joaquina, seria um modo de encontrar um meio termo para a proibição completa de surf em tantas praias, justamente num período em que ocorrem ótimas condições de surf.



Contudo o que se viu na audiência foi a repetição de vários discursos que revelam o impasse baseado em aspectos sócio-culturais arraigados, onde os surfistas são por muitas vezes citados pelos pescadores como inimigos da pesca artesanal. Do outro lado muitos surfistas usando camisetas com os dizeres "Eu Também Amo a Tainha. Pela Paz entre Pescadores e Surfistas" alegam que são favoráveis a pesca e que não atrapalham essa atividade que está desaparecendo naturalmente frente a nova realidade social da ilha.

Por se tratar de uma revista de surf, procurei ressaltar também a falta de unanimidade entre os próprios surfistas sobre o tema da pesca da tainha, com base nos muitos depoimentos conflitantes que coletei durante as gravações do documentário Pegadas Salgadas. Além disso, busquei expor as várias questões legais atreladas ao tema, incluindo as outras demandas dos pescadores artesanais, frente à pesca industrial e demais atividades que, na visão dos pescadores, vem contribuindo para a diminuição do número de tainhas que cai nas redes de pesca artesanal a cada ano.

 

A matéria foi ilustrada com belas fotografias capturadas pelo amigo e fotojornalista Guto Kuerten e o fotógrafo e surfista Christian Herzog, ambos frequentadores assíduos da praia do Campeche, onde a questão do conflito entre o surf e a pesca da tainha se faz presente de maneira intensa a cada temporada.







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