Razmik

6 de junho de 2011



Dia destes, por meio de uma indicação inesperada, tomei contato com o trabalho do artesão Razmik Kiurkdjian e descobri, com grande satisfação, que existia em Floripa mais gente produzindo, com alta qualidade, as clássicas pranchas alaias.



Com ascendência de armênios e paulista de nascimento, Razmik vive em Floripa com sua família desde 1995 , onde desenvolveu um consistente trabalho na restauração de móveis antigos, na construção de escadas e na criação de diversos acessórios de madeira - como mesas e cadeiras. O trabalho com o surf surgiu há pouco mais de uma ano, quando Razmik tomou contato com as ancestrais pranchas de madeira maciça e passou a produzí-las em parceria com Bruno Araújo, fundando a marca Pyuá, para a qual desenvolveram também alguns modelos de remos de stand-up-paddle.



Hoje, atuando sozinho na produção destes equipamentos esportivos de forma 100% artesanal, Razmik consegue unir a qualidade do acabamento e da matéria-prima com o uso de resinas a base de água e cola vegetal para laminar as pranchas com o mínimo de impacto ambiental. "Se decidir fazer alguma coisa pra valer, ela vai ter que sair bem feita", afirma Razmik, revelando o perfeccionismo e a capacidade realizadora intrínseca àqueles que tem a verdadeira vocação de fazer arte com madeira.



Atualmente, ele tem três modelos de alaias feitas com kiri (que os gringos chamam de paulownia) nos tamanhos 5`11, 6`4 e 6`8, com opções de concave simples ou triplo e diversas nuances que Razmik gosta de testar a cada criação. Um dos modelos está exposto na vitrine da loja Mormaii na Lagoa da Conceição - não por acaso toda a arquitetura da loja foi projetada pelo próprio Razmik, sendo este um dos trabalhos de maior visibilidade do artista. Já os remos de SUP usam uma combinação de madeiras marupá e freijó, sendo dois modelos ideais para pegar onda e outros dois mais indicados para travessias.



A notável qualidade e o apuro estético que Razmik dedica ao seu trabalho estão estampados nos belos grafismos das pranchas e remos, com desenhos de arraias, tartaruga, golfinhos e tubarão, produzidos por seu amigo australiano Marc Adam e aplicados nas pranchas com tinta ou pirografia computadorizada.



Quando aceitei o gentil convite de Razmik para conhecer de perto o seu trabalho, levei junto comigo o amigo e shaper de pranchas clássicas de madeira Felipe Siebert. Fomos recebidos na oficina no quintal da casa de Razmik na Lagoa da Conceição - que ele mesmo construiu - e a afinidade entre os dois resultou numa instigante troca de ideias sobre design de pranchas de surf e técnicas de trabalho com madeira.


Wood design de Floripa: Razmik recebe o shaper Felipe Siebert em sua oficina

Além das alaias, Razmik nos mostrou diversas criações pessoais utilizando diferentes tipos de madeira e belos trabalhos de marchetaria em mesas e cadeiras, além de nos contar sobre os desafios na construção das muitas escadas de madeira que hoje decoram com funcionalidade algumas residências na ilha. Ele ainda nos deixou bastante curiosos ao falar do projeto secreto de um equipamento esportivo de madeira, cuja versão final pretende apresentar em breve. No brilho de seus olhos, ficou clara a paixão criativa que está por trás da realização de sua arte.


o maior desafio de Razmik foi fazer esta escada circular suspensa com laterais envergadas de madeira jatobá


Por conta da produção das alaias Razmik conta que se empolgou a voltar a surfar recentemente, depois de vinte anos parado, mas brincou dizendo que não haveria como ter imagens dele surfando com suas pranchas, diante da grande habilidade necessária para se surfar uma alaia. Seja como for, a contribuição de Razmik para o resgate do surf ancestral aliado a um design moderno já está devidamente materializada.



Confira aqui o site oficial de Razmik Kiurkdjian. Veja outras matérias sobre pranchas alaias clicando aqui.

Um comentário:

1-B UMBÊ disse...

Excelente trabalho. Meus parabens!

Abraços

Bernard Sodré

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