Surf Guia Brasil

29 de novembro de 2010



A edição de 2011 do Surf Guia Brasil, a ser lançada no próximo mês de janeiro, finalmente fará jus ao seu nome, oferecendo um guia completo para quem deseja percorrer os mais de 9.200 km da costa brasileira - se forem consideradas as saliências e reentrâncias do litoral - em busca das melhores condições para o surf.


Maurio e Basílio na estrada

O ambicioso projeto liderado pelo jornalista catarinense Máurio Borges e o experiente fotógrafo Basílio Ruy vem ocupar uma importante lacuna editorial no surf brasileiro, que começou a ser preenchida em 2005 quando eles lançaram a edição Sul/Sudeste do Surf Guia Brasil. A viagem pelo noredeste no último mês de agosto permitiu finalizar a missão de mapear o surf em todo o território nacional, abrangendo 17 estados do Amapá ao Rio Grande do Sul.

Com informações detalhadas sobre as melhores direções de vento, ondulação e condições de maré em cada pedaço surfavel da costa brasileira o Surf Guia coloca ao alcance das mãos um valioso mapeamento das praias e ondas nacionais. Além disso, a publicação bilíngue conta com fotos e dicas completas sobre acomodação, alimentação e serviços ligados ao surf, num formato de livro de bolso, perfeito para ter sempre a mão no porta-luvas do carro em uma viagem.


Farol de São Tomé - RJ - revista Ride It

Tive o przaer de ser convidado pelo Máurio a contribuir na redação dos textos de abertura sobre cada estado brasileiro, onde pude conhecer um pouco mais sobre as diferentes características das ondas e da cultura do surf pelo país. Em entrevista ao Surf & Cult, Máurio Borges conta um pouco das curiosidades e desafios de produzir o Surf Guia Brasil:

1 - Fale um pouco sobre o formato e o processo de realização do Surf Guia Brasil?

O Surf Guia Brasil será lançado em janeiro e terá 424 páginas com material das Pororocas até o Chuí. Serão 30 mil exemplares impressos distribuídos gratuitamente nas principais surf-shops do Brasil. Além disso, iremos distribuir o Guia nas praias e também nas etapas do WQS e do Circuito Brasileiro ao longo de 2011.


Rota dos Coqueiros - PE

2 – Conte como foi a viagem pelo nordeste que permitiu mapear as últimas regiões litorâneas que faltavam?

A viagem para o nordeste aconteceu no início de agosto. Só foi possível viajarmos nessa época, que não costuma ser um período de boas ondas, em função do Basilio Ruy estar envolvido na cobertura dos principais eventos nacionais (de surf). O Basílio, que dispensa apresentações, cobre as etapas do circuito wqs e o nacional. Nesse ano ele é o fotografo oficial da Fecasurf (Federação Catarinense de Surf) e por conta disso tem que estar presente em todos os eventos. Então, com a agenda lotada, ficou bem difícil conseguir viajar no primeiro semestre do ano.

Foram 16 dias de estrada. Fomos até a divisa do Ceará com o Piauí. Fizemos os estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia num período de duas semanas. Muito chão! Cortamos todo o litoral, entrando nas principais praias, conversando com surfistas locais e fotógrafos de cada região. A idéia dessa primeira viagem para o Surf Guia Brasil era manter bons contatos e formar colaboradores para as nossas próximas edições.


Barra Vento - Salvador - BA

3 – Quais as suas impressões sobre a cultura surf no norte do país em relação ao sul e sudeste do Brasil?


A viagem foi muito bacana, mesmo não vendo altas ondas, percebi que existe muita gente vivendo do surf pelo país. Fizemos muitos contatos, conhecemos muita gente. Pessoas empolgadas em colaborar com o Surf Guia Brasil. O Ceará está muito forte, com os vários eventos que acontecem por lá impulsionados pela força das marcas Maresia, Greenish e Smolder. No Rio Grande do Norte, a molecada voa alto com pranchas velhas, amareladas. Têm bons talentos ainda desconhecidos por lá. Em Sergipe e Alagoas o surf ainda está engatinhando. Acredito que o sul da Bahia é a nova fronteira. Tem muita onda com lugares intocados ou pouco explorados e um povo acolhedor e divertido. Acho que o futuro do surf brasileiro passa pela Bahia.


Ponta dos Mangues - SE - foto: Marco Chalita

4 – E as ondas? Quais os picos mais legais que você conheceu?

O mês de agosto não é o mês ideal na região norte e nordeste do País. Nessa época do ano o vento leste sopra desde as primeiras horas do dia. Porém vi boas ondas na praia de Miami (Natal), Laje da Pipa e Baia Formosa no litoral do Rio Grande do Norte e também na Bahia na região de Itacaré. No Ceará chegamos com o mar baixo e ondas muito pequenas. Na Paraíba o mar parecia uma grande piscina num tom azul turquesa muito bonito. Em Pernambuco, vimos o mar mexido em Porto de Galinhas, em Sergipe tava bem fraco. Gostei muito do visual da orla da Paraíba. A Indonésia é aqui! Na praia do Francês boas esquerdas de até 1,5m com bastante gente n'água. O litoral baiano tem um potêncial incrível e pouco documentado. São muitas bancadas de pedras e coral. Deu pena de ver a galera de Recife e região. Com os ataques frequentes de tubarão o surf está proibido em várias praias. O surf pernambucano em função disso passa por um momento delicado.


Barra de São João - RJ - foto: Ricardo Altoé

5 - onde você pegou as melhores ondas ao longo de todas as viagens feitas para mapear as praias brasileiras?

Em todas as viagens pelo Brasil não levei prancha. Não é essa a intenção. Utilizo o tempo que temos para cadastrar os picos, trocar informações, essas coisas. Para produzir o Surf Guia Brasil Sul em 2002 fizemos em dez dias. As melhores ondas que vimos foi na Ilha do Mel, num final de semana com muita chuva. Foi até engraçado: pegamos o ferry boat com sol, altos dias, céu azul e no trajeto, durante a travessia até a ilha o tempo mudou completamente. Já chegamos com chuva e ela nos perseguiu durante todos os demais dias. Não deu pra fazer boas fotos, mas vi a lendária Paralelas quebrando perfeita com séries de direitas até 1,5m.


Boca da Barra - Itacaré - BA

Para produzir o Surf Guia Brasil Sul e Sudeste, em 2005 foram duas semanas de viagens. Aí sim, vi boas ondas tanto no litoral de Sampa com destaque para as praias de Maresias e Camburi, e também no Rio de Janeiro. Pra não dizer que não surfei, dei um banho de uma hora numa marola bem divertida em frente ao pier (hoje demolido) na Barra da Tijuca e numa vala conhecida como Alpha Barrels com uma prancha emprestada do Rick Werneck. O litoral do Espírito Santo também tem boas bancadas de pedras, mas quando chegamos em Regência o swell já estava baixando.


Surfista peladão em Tambaba PB, praia de naturismo - foto: Sergio Aguiar

6 – Conte algum dos momentos mais engraçados que você viveu ao longo destas viagens?

Logicamente tivemos algumas situações engraçadíssimas. O Basílio é uma comédia. Conhece todo mundo. Viajou muito. Ele viveu intensamente o surfe na década de 80 e 90. Faz parte da Fluir desde o lançamento e aí tem sempre várias histórias pra contar. Iamos conversando sobre campeonatos das antigas, festas, baladas. Ele também foi o fotógrafo do circuito nacional de Body Board, que marcou época, bem nas antigas. Conhecia toda a mulherada que competia. Então, imagina... Agora, nas praias, tivemos um ataque de uma "cabra" isso mesmo, um bode ou cabra nos atacou quando fotografávamos na praia do Ouvidor aqui em Garobapa. Saimos correndo pra dentro do carro... Outra boa foi com o Castro Pereira, nosso colaborador lá no Rio Grande do Sul. Estávamos indo até o Chuí cadastrar o extremo sul do país, e no meio do caminho, me deu uma dor de barriga animal, passei um sufoco danado, não tinha pra onde correr. E mais recentemente numa visita a um cliente num restaurante de Itacaré um cachorro vira lata avançou, mordeu e ainda ficou pendurado na perna do Basílio. Eu dei risada. O Basílio, putão, não quis mais falar comigo...


Titãnzinho - CE

7 – E qual foi a maior roubada que vocês passaram?

Não tivemos grandes roubadas nessa viagem. Bem diferente de quando viajamos para fazer a região sudeste em 2005. Acho que a maior roubada foi para sair da orla de Salvador e pegar o trecho sul em direção a Itacaré. Erramos o caminho e aí ficamos mais de duas horas num congestionamento animal, sob um sol muito forte. Fiquei impressionado como as obras andam aceleradas na região nordeste do País. Muitos operários trabalhando nas estradas, reformando as BRs que cortam os estados. O Lula despejou um caminhão de dinheiro lá pra cima. Enquanto que aqui no sul as obras da BR 101 sul seguem a passos lentos. “Fazê o quê, né?”


Boldró - Fernando de Noronha - PE

8 – Um projeto desta magnitude exige muito trabalho e informações precisas. Como você organizou as colaborações para dar conta de cobrir um litoral tão extenso quanto o do Brasil?

As informações sobre as Pororocas vieram das contribuições de Sergio Laus e Dênis Sarmanho, que também fez as fotos das ondas de águas doce do Pará bem como todo material do Maranhão. Do Piauí pra baixo, tive a colaboração de muita gente que não poderia deixar de mencionar: Raul Carvalho, Chaguinhas, Marcio Farney, Dunga Neto, George Noronha, Eros Sena, Danilo Costa, Ronaldo Barreto, Rodrigo Barreto, Saulo Moraes, Regi Galvão, Alexandre Palitot, Sergio Aguiar, Toddy Holland, Marcelinho Rodrigues, Fred Vilela, Marco Chalita, Litinho, Leonardo do site Ondulação, e também do pessoal do site Surf Guru que nos ajudaram com informações e dicas. Isso sem falar da galera das regiões sudeste e sul do país que me ajudou a atualizar as informações já cadastradas nas antigas edições do Surf Guia.


Torres - RS

Confira aqui um dos primeiros posts deste blog, quando tratei dos muitos guias de surf que existem no exterior. Foto de abertura: Praia Grande, Arraial do Cabo - RJ, por Ricardo Altoé - outras fotos sem crédito: Basílio Ruy

Empolgados e Quebrados

23 de novembro de 2010



"Stoked & Broke" é o mais novo filme de Cyrus Sutton, o camarada por trás do Korduroy.tv, que reúne uma coleção de grandes vídeos de surf e outras produções no mais puro estilo "diy" do it yourself. A narrativa é baseada em um "surfari" pelo sul da Califórnia, onde Cyrus e seu colega Ryan Burch percorrem o caminho a pé e sem um puto no bolso, contando com a sua criatividade e a ajuda dos interessantes personagens que encontram no caminho. Nesse contexto, o filme promove uma instigante reflexão sobre os valores essenciais e as armadilhas de quem busca o sonho de viver exclusivamente para surfar - no desafio de se equilibrar na linha tênue que divide a liberdade da alienação.



A última inovação de Cyrus foi criar esta "pré-estréia virtual" do filme para aqueles que não tiveram a chance de assistir a alguma das poucas exibições do filme em cinemas dos Estados Unidos. Assim, em parceria com o grande site de venda de filmes de surf online The Surf Network, o filme estará disponível para ser assisitido em alta definição entre os dias 26 e 28 de novembro. Basta se inscrever no site e desembolsar os 8 dólares do ingresso virtual - o ticket não dá direito a fazer download, apenas assistir ao filme no computador quantas vezes desejar ao longo desses dias.

Tive o prazer de ser convidado pelo Cyrus para fazer a legendagem em português do filme para o seu lançamento em DVD. O desafio da tarefa surgiu logo na tradução do título do filme: "Duros e Amarradões" seria a opção mais precisa dentro da gíria do surf no Brasil, mas sabe lá se estas palavras tem o mesmo sentido em Portugal... Assim, fiquei com "Empolgados e Quebrados" mesmo!













































Leia
aqui uma entrevista do Surf & Cult com Cyrus Sutton e outro post sobre o site The Surf Network.

# 100

19 de novembro de 2010



O Surf & Cult chega ao post número 100 e em agradecimento aos antigos e novos leitores apresento um panorama das últimas 50 matérias aqui publicadas - assim como fiz no post Replay, nas ocasião das 50 primeiras - como um forma de destacar alguns conteúdos mais marcantes e oferecer links de rápido acesso a quem quiser relembrar ou ver pela primeira vez alguma matéria antiga.


Frames do Farol

A demanda de tempo e esforço cada vez maior na produção de material referente à cultura surf traz como compensação o privilégio de conhecer e entrevistar diversas figuras inspiradoras que orbitam no universo do surf, como fotógrafos, diretores de filmes, designers, surfistas profissionais, shapers, ecologistas, músicos, além de colegas jornalistas e blogueiros. Deixo aqui o meu agradecimento a todos que contribuiram de alguma maneira com este blog.



Entrevistas:

“São coisas que aprendi e que, óbvio, continuo reaprendendo, porque difícilmente se incorporam de maneira inalienável: Que o segundo é tudo que existe. Que o amor que você dá permanece para sempre. Que o surf é um veículo divino para o desenvolvimento da Consciência. Que nós somos o mistério, e que ele nos envolve e nos eleva. Que a humildade é ensinada pela vida, com leveza ou na porrada. É, contraditóriamente, um dom apreendido. Que o ego tem sua função fundamental, mas não é o que nós somos. Se aprendermos a olhar para ele, de fora, é um gigantesco avanço no caminho da verdade, de quem realmente somos. Ser pai.” Sidão Tenucci, escritor e empresário pioneiro do surf no Brasil em Visões de Um Peregrino


Peru 1972 - arquivo Sidão

"Surfar foi um sonho quando eu era criança. Eu estava longe do mar, e tudo se baseava em férias, revistas e algumas coisas na TV. Assim, ter a chance de fazer imagens relacionadas com o surf é como viver um sonho. O ato de surfar é algo difícil de descrever. A maioria das pessoas atribuem o surf a uma atividade atlética e material, mas o surf é mais parecido com estar em contato com a natureza. É como estar em outra dimensão, onde tudo o que importa é uma onda, a prancha e você. Claro, que é bom ter os amigos ao redor, o sol ... mas a sensação de surfar sozinho em uma onda é única e pode mudar para sempre a vida de alguém" Jair Bortoleto, fotógrafo em Artista Santista



"Tudo aquilo que me fizer sentir bem e ter vontade de dar um mergulho eu coloco no site", Ryan Heywood fotógrafo australiano e editor do site Bodysurf em Quando Menos é Mais


Junior Faria, praia da Cigana - still do filme Roots Time em Reciclando uma Prancha

"Eu sinto que a cultura do surf tem sido inibida em sua forma criativa. Na década de 40 e 50 a maioria das pessoas faziam suas próprias pranchas e sabiam criar um monte de coisas em torno da experiência.Esta ener gia diy "do it yourself"(faça você mesmo) gerou todo tipo de inovação e criatividade pura. Hoje em dia tudo nos é dado de bandeja, e embora possa parecer mais conveniente, acaba tirando um pouco da magia que se ganha ao fazem parte da experiência completa de surfar", Cyrus Sutton diretor de filmes e criador do site Korduroy em Faça Você Mesmo.


Tomas Oberst em foto do ensaio-poesia Riscos

"Surfando as ondas voce aprende tambem a surfar a realidade que te rodeia. Como diría Bruce Lee : Be water my friend! (Seja água, meu amigo!)", Tomas Oberst eco-soul-surfer em Hermano Soul


Indonésia por Loic Wirth

"Meu filme de surf preferido é aquele que temos na memória, que nós mesmos fazemos indo surfar com os amigos, sem câmeras e sem nada, somente com a vibe que faz a gente continuar fazendo o que gostamos", Loic Wirth, diretor de filmes em Nas Internas



São Conrado por Beto Paes Leme

"Para mim, o surfe é um estado de espírito, uma prática que nos ajuda a levar a vida de maneira saudável e alegre, bom para o corpo e para a alma. Uma atividade que nos faz interagir plenamente com a natureza. Mas não é tudo na minha vida. Existem muitas coisas legais que a vida oferece e que podemos e precisamos fazer, sem ficar naquela "bitolação" de que tudo é onda, sol e praia", Beto Paes Leme, fotógrafo em Do Leme Ao Pontal


Auto-retrato surfando de tow-in no post Uma Outra Abordagem

"Eu sinto que quando uma pessoa tem um relacionamento direto com a natureza como acontece no surf, você ganha uma visão ampliada da vida e é exposto a emoções e a uma perspectiva que você realmente não pode encontrar em nenhum outro lugar. Como alguém que já tirou um tubo bem sabe, é impossível explicar o sentimento a alguém que não tenha experimentado esta mesma sensação", Dylan Raasch da banda Years Around the Sun em Anos em Torno do Sol



"Acho que meu trabalho definitivamente celebra a diversidade no surf. Eu tento explorar e documentar uma variedade de maneiras diferentes de apreciar o ato de andar nas ondas, porque é isso que tenho buscado fazer no meu surf desde que eu era jovem. Eu acho que o fato de que você poder surfar da maneira que bem desejar faz parte do apelo do surf. Surfar pode então se tornar uma forma de expressão pessoal, uma manifestação de quem você é. Nesse sentido, o surf pode ser arte", Nathan Oldfield fotógrafo e diretor de filmes em Homem Família.


fotografia low-fi de Kyle Lightner

"Ao optar pelo uso de câmeras antigas, hoje é possível emular um registro raro de uma sessão de surf pioneira ocorrida em algum pico remoto na Indonésia nos anos 70, ou numa sessão de longboard na Califórnia nos anos 50. E assim, a fotografia low-fi nos leva a uma verdadeira viagem no tempo em busca de uma suposta "essência perdida" do surf. Uma percepção de que, ao resgatar as origens, estamos produzindo algo genuíno e significativo em meio à banalização da fotografia atual." (Resgate em Baixa Tecnologia)



Filmes:

O projeto Roots Time foi certamente um marco para o Surf & Cult. Produzido em parceria com os irmãos Siebert a proposta de realizar um video mostrando o processo de reciclagem de uma antiga prancha de surf ganhou corpo, chegando às páginas da revista Hardcore e agregando grandes parceiros como os surfistas profissionais Junior Faria e Jeronimo Vargas e a valiosa trilha sonora local do A.R.T Project - entrevistados em Trilha do Surf em Floripa - e artistas consagrados como o ícone do skate Tommy Guerrero.



"Redoma" foi a primeira produção audiovisual do Surf & Cult, onde reuni minhas algumas de minhas primeiras cenas de ação com a camera GoPro para editar junto com meu parceiro Marcos BG, um videoclipe para a música de mesmo nome que ele criou no projeto Duotonic.



Crônicas:

"No caminho de volta para o meu apartamento sem vista para o mar, dirijo pela estrada sereno, como quem acabou de curtir uma bela surf trip de fim de semana, lembrando dos 03 dias em que espiei da janela os cíclicos tempos do oceano em constante mutação... dos 03 dias em que surfei muitas ondas apenas com a força do olhar... e só uma pergunta ousou inquietar a minha mente: será que estou ficando velho?!" (Sanidade)



"É dificil descrever a energia que se estabeleceu ao nos vermos tão perto do maior mamífero marinho que existe e sentir como se estivessemos interagindo olhos nos olhos com esta criatura ancestral. Mais uma meia dúzia de braçadas seria possível tocar a sua pele grossa e escura, mas não queriamos de nenhuma maneira despertar algum incômodo no animal, que apenas piscava os seus olhos e ocasionalmente expelia a sua famosa borrifada de água" (Encontro com as Baleias)



"No caso de uma criança, os ensinamentos descobertos na relação com o mar exigem dos pais a tão sonhada serenidade e paciência em saber analisar os elementos e fazer apenas o que é possível, deixando a vida se encarregar de ajustar os desejos ao tempo de maturação necessário" (Tudo Ao Seu Tempo)


a foto mais famosa de Greg "Da Bull" Noll

"Greg Noll mostrou-se um legítimo representante de alguns traços positivos que podemos associar aos surfistas: um sujeito simples, amistoso, despretensioso, sem estrelismos nem grandes ambições. Uma postura que só o fez ainda mais admirado por todos aqueles que se aproximaram dele em sua passagem pelo Brasil" (Muitas Ondas na Bagagem)


Tom Veiga, um dos artistas mais bem-sucedidos no movimento da surf-art brasileira em Arte em Sincronia

"Absorvo a leveza da realização plena tão comum ao pós-surf - um misto de relaxamento da mente com uma agradável fadiga muscular e o espirito leve. Ok, você vai dizer pelas fotos que o mar não estava lá essas coisas, mas quem foi acostumado a surfar em ondas frequentemente ruins, como a maioria dos brasileiros, talvez alcance mais facilmente esta capacidade de se divertir mesmo em condições bem adversas" (Dias Ganhos)


A arte de Jay Alders em Realidade Distorcida

"Compartilhar ideias e experiências com pessoas interessantes pode mesmo ser uma boa descrição do que atrai alguém para o jornalismo. À pretexto da "obrigação" de ter que ir a campo para produzir conteúdo você ganha a chance de interagir sobre assuntos que te movem de maneira positiva - obviamente, desde que o autor da pauta seja você" (Um Rio de Ideias)


Felipe Siebert e Junior Faria skateboarding em Livre Pra Rodar

Mídia:

"Particularmente acompanho e me interesso mais por aqueles surfistas ligados em transmitir uma visão mais artística e “soul” da prática do surf. Nesse quesito, merece destaque o blog Marine Layer do Dane Reynolds, cujo conteúdo é repleto de fotos, vídeos e referências produzidas pelo próprio, num olhar que mistura poesia e rebeldia e, de certa maneira, complementa com propriedade a atitude e performance deste atleta dentro d`água" (Contato Profissional)



"Dane comentou que o blog é uma forma direta dele poder expressar os seus gostos e opiniões para as pessoas que admiram o seu surf, revelando um pouco de sua personalidade, sem a interferência de patrocinadores e compromissos profissionais...Contudo, Dane disse que procura não deixar o blog e a internet tomarem demais o seu tempo, pois acredita que “há coisas muito melhores para se fazer do que ficar o dia inteiro grudado no Facebook”. Sair decolando com muito estilo nas ondas é certamente uma delas!" (Bon Dia)


Alternativa Agave

As iniciativas de sustentabilidade sempre tiveram espaço neste blog e, por uma feliz coincidência, a matéria exclusiva sobre as pranchas de Agave - também reproduzida no site da Hardcore - gerou o maior indice de acessos do Surf & Cult em um unico dia (mais de 500) , por conta de uma reportagem sobre o tema veiculada no programa de TV Esporte Espetacular poucos dias depois.


Sessão de fotos no Matadeiro, Floripa em Fotógrafo Não é Pedra

No fortalecimento das parcerias internacionais com a revista européia Drift e o site norte-americano Liquid Salt pude estabelecer interessantes canais de divulgação da cultura surf brasileira no exterior. No nível pessoal, as publicações nas revistas Soul Surf e Hardcore e mais recentemente com a revista online Parafina deram consistência ao trabalho e ampliaram os meus horizontes profissionais.


A Escolha da Primeira Prancha publicada na revista Soul Surf

Repassando todo este material, fico feliz em perceber que consegui realizar o desejo de produzir conteúdos audiovisuais e dar um impulso na documentação do surf em imagens e na fotografia, alcançando assim, a meta de poder complementar os meus textos com material visual original.


Classic longboarding no canal Flickr do Surf & Cult

Creio também ter alcançado um equilibrio entre informação e o lado mais lúdico das crônicas, onde posso expressar com mais liberdade a minha visão do mundo e a paixão que tenho pelo mar desde que me entendo por gente.


Eu aos 3 anos de idade em A Primeira Prancha

Numa análise final, imbuido da proposta de ser um canal de divulgação de "coisas positivas", creio que o Surf & Cult tem cumprido a missão de divulgar o trabalho de muita gente talentosa, disseminando elogios sinceros, ao invés de ficar apenas destilando críticas ácidas contra tudo e contra todos - embora exista tanta coisa errada rolando dentro e fora do surf. Ser positivo e compartilhar o conhecimento talvez seja o maior ensinamento que aprendi com este blog e tento também levar esta atitude para os demais aspectos da minha vida. Keep Surfing!


...30 anos depois

Foto de abertura: "Recordar é Reviver!"... despencando em Cloudbreak na melhor surf trip da vida, no hoje distante ano de 1998 - foto: Roberto Price

Fotógrafo Não é Pedra

12 de novembro de 2010



O curso de fotografia de surf com Sebastian Rojas, que aconteceu entre os dias 5 e 7 de novembro em Floripa, foi uma oportunidade valiosa de obter alguns ensinamentos sobre esta atividade com um dos mais experientes e bem-sucedidos profissionais do mercado no Brasil.



Fotógrafo "residente" da revista Fluir - publicação especializada em surf de maior tiragem no Brasil - foi muito instrutivo passar algumas horas conversando e fotografando dentro e fora d`água com Sebastian, um fotógrafo que exerce há função há 25 anos, com inúmeros trabalhos publicados, incluindo dezenas de capas de revista.



Sempre sorridente, ele fazia uma escala em Floripa antes de embacar para mais uma temporada havaiana. Além de viajar com frequência para a Indonésia e em outras surf trips pelo mundo, Rojas, que é filho de espanhol e reside no Guarujá, vem ministrando este tipo de curso pelo Brasil já há alguns anos, estimulando a iniciação dos muitos interessados em fotografia aquática - principalmente com o advento da fotgorafia digital que facilitou muito o processo de captura e tratamento das imagens.



Descobrir alguns macetes essenciais na operação na caixas estanques e teleobjetivas, obter dicas de equipamentos e acessórios são alguns dos ensinamentos essenciais que certamente fazem toda a diferença no resultado do trabalho. Em busca desta experiência, eu e mais seis camaradas de norte a sul do litoral catarinense nos matriculamos no curso de fim de semana organizado pela Duo Arte.



Nos encontros teóricos, Rojas explicou a matemática do acerto de luz das câmeras, baseadas na trilogia: abertura, velocidade e Iso, bem como no inevitável investimento em bons equipamentos para se alcançar um nível profissional de fotografia - valorizando os avanços da tecnologia e sem cair no romantismo dos desafiadores tempos analógicos, que foi a sua escola por quase 20 anos.



No sábado o vento sul entrou como previsto junto com o fraco swell na mesma direção. A opção mais promissora era a bela e preservada praia do Matadeiro no sul da ilha. A chuva da noite anterior fora embora dando vez a uma manhã ensolarada. Subindo a agradável trilha para visualizar o line up veio logo a certeza de que o dia seria produtivo.



Dentro d`água, ao contrário do surfista que está apenas preocupado com a qualidade das ondas, o fotógrafo se vê as voltas com toda a sorte de fenômenos que interagem para se chegar ao cenário desejado. A onda pode ser boa, o sol oferecer a luz perfeita e o posicionamento da camera ser o ideal, mas ainda assim, a foto pode ser arruinada. Tudo porque o bendito surfista prestes a ser capturado no seu instante de glória acaba escorregando o pé na prancha ao tentar extrapolar os limites em busca do momento perfeito.

A verdade é que os surfistas amadores instintivamente se empolgam com a presença do fotógrafo aquático e desandam a tentar fazer mais do que sabem, mas no fim das contas, isso acaba sendo divertido, desde que não haja algum acidente mais sério com o fotógrafo sendo atingido por algum "surfista kamikaze"- apelido dado por Rojas a estas perigosas criaturas marinhas.



No exercício de montar um bom portfolio editorial, saber mesclar variedade com qualidade é importante. Assim, a fotografia de surf é muito mais do que apenas registrar um monte de momentos de surfistas pegando onda. Nesse sentido, vale o empenho de ir além do usual, no objetivo de capturar amostras do lifestyle, da cultura de praia, das famílias curtindo o fim de semana na praia, das crianças brincando na areia, da paisagem exuberante da trilha cercada de verde, das espumas nas pedras e de todos os demais elementos que diferenciam uma praia da outra.



Mas não há como negar que as boas cenas de ação são o prato principal que alimentam o fotógrafo de surf. No domingo, o vento virou para nordeste e apesar das ondas não passarem do "meio metrinho honesto", pudemos aproveitar a presença de diversos surfistas profissionais que participavam do Brasil Surf Pro na Joaquina e ir atrás de bons momentos de manobras na onda.

Caí na água ao lado da área de competição para fotografar um pouco de freesurf, buscando treinar o melhor posicionamento e pronto para desviar do caminho e não atrapalhar a performance do surfista - seguindo assim a máxima repetida várias vezes por Sebastian de que "fotógrafo não é pedra" .



De volta areia, no revezamento entre os alunos a minha vez de usar a lente 600mm no tripé caiu durante a final feminina, onde Suelen Naraísa venceu o campeonato (e também o título do circuito) na bateria contra Monik Santos (na foto acima). Vários fotógrafos profissionais como Flávio Vidigal, James Thisted e Márcio David estavam na praia com seus canhões a postos para registrar estes momentos do surf competição.



Finalizada a sessão, chega a hora de trabalhar no computador o material capturado e uma questão conceitual crucial surge diante do desafio de se exercitar a capacidade de autocrítica na edição das imagens. O rigoroso critério de escolha é uma premissa importante para o fotógrafo poder valorizar o seu próprio trabalho, mostrando abrangência sem cair nos excessos e na repetição. O recado de Rojas era claro: "não perca tempo com fotos medianas". Infelizmente, talvez eu ainda não tenha assimilado completamente esta sabedoria e num futuro próximo me arrependa amargamente de ter publicado estas fotos!



Para conferir outras fotos feitas pela turma do curso clique nos seguintes links: surfeatividade / guelsurf / aguiarmoments / praiadavila

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